Equador
Perguntas e Respostas

O segredo do sucesso da Lundin Gold para conquistar o apoio das comunidades

Bnamericas
O segredo do sucesso da Lundin Gold para conquistar o apoio das comunidades

A canadense Lundin Gold se orgulha de ter conquistado o apoio da comunidade para sua mina subterrânea Fruta del Norte (FDN), no Equador.

Junto com a operação de cobre Mirador, da EcuaCorriente, a FDN é a única mina em escala industrial no país.

Segundo dados da empresa, em 2021, a Fruta del Norte representou 0,50% do PIB do Equador, 37% do PIB da província amazônica de Zamora Chinchipe, onde está localizada a mina, e 85% do PIB do cantão de Yantzaza.

A Lundin Gold iniciou as operações da mina em novembro de 2019 e garante que ela tem vida útil até 2034. Porém, pela qualidade do depósito e graças à exploração, a empresa pretende permanecer no país sul-americano por cerca de 50 anos.

A BNamericas conversou com o gerente de sustentabilidade de negócios da Lundin Gold Equador, Juan José Herrera, sobre como a empresa conseguiu o apoio das comunidades vizinhas.

BNamericas: Como vocês compatibilizaram as necessidades da comunidade com o projeto econômico da empresa?

Herrera: Desde que a Lundin Gold chegou ao país, estabeleceu uma base sólida de confiança com as comunidades, com as autoridades locais e, é claro, com as autoridades nacionais.

É importante lembrar que em 2013 a Kinross, que era proprietária da Fruta del Norte, decidiu não continuar com o projeto, mas já havia avançado nas compras locais e na contratação de mão de obra, com vários empreendimentos e investimentos sociais.

Mas depois, durante quase dois anos, manteve uma atividade mínima para começar a vender seus ativos. Isso foi sentido em nível local, criando uma espécie de depressão econômica local.

Essa situação difere de outros projetos no Equador e até internacionalmente, no Peru e na Colômbia, por exemplo, locais em que, quando as empresas chegam, enfrentam a oposição das comunidades locais.

No Equador, quando a Lundin chegou, havia uma atmosfera acolhedora. A comunidade queria que a Fruta del Norte se desenvolvesse porque já sentia os efeitos positivos do projeto e o potencial que ele oferecia.

BNamericas: Havia muitas expectativas em relação aos benefícios que a Lundin poderia trazer? Como vocês lidaram com elas?

Herrera: Sim, havia muitas expectativas por parte dos players e comunidades locais. De mãos dadas com as expectativas também surgiram dúvidas, preocupações e incertezas sobre o que implicava a chegada da mineração em grande escala ao país.

Durante seis meses, nós [representantes da empresa] nos reunimos com membros das comunidades, basicamente do cantão Los Encuentros, para ouvir absolutamente tudo o que eles tinham para nos contar.

Foi um processo de diálogo participativo nas chamadas mesas temáticas.

Da série de temas discutidos, priorizamos oito, mas a maior prioridade para a população sempre foi a geração de empregos diretos e indiretos, por meio das nossas compras e de investimentos sociais e oportunidades econômicas. Havia também preocupações ambientais com a água, a flora, a fauna, as questões agrícolas, a promoção do turismo e a forma como os royalties seriam utilizados, entre outras.

Este processo de diálogo participativo foi o que nos ajudou a criar uma base sólida de confiança, contribuiu para a nossa estratégia de educação e capacitação e para a criação da nossa estratégia local de compras, contratações e investimento nas comunidades, entre outros aspectos, juntamente com a nossa estratégia de sustentabilidade.

As mesas continuam em funcionamento e constituem um caso de sucesso muito interessante.

BNamericas: Como vocês articularam o cuidado ambiental, os modelos de vida das comunidades e a atividade de mineração?

Herrera: Os líderes ou responsáveis pela tomada de decisão de cada área e o vice-presidente de sustentabilidade de negócios da empresa acompanharam todo o processo e ficaram atentos a todos os avanços nas questões ambientais, incluindo o resgate biótico.

Dependendo do tema, representantes da empresa participaram de cada uma das mesas, e isso foi um ponto fundamental. Na mesa ambiental, por exemplo, foi feito um resumo do progresso das últimas seis semanas, dando informações sobre desmatamento, campanhas de resgate de flora e fauna, questões de gestão da água, avanços na infraestrutura viária e como eles andavam de mãos dadas com a gestão ambiental, entre outros assuntos, permitindo que as comunidades soubessem como o progresso da construção seguia os mais altos padrões internacionais.

Na parte de construção, também reportamos o andamento, conforme cronograma, qual seria a demanda de mão de obra nas próximas seis semanas, os números de compras e as aquisições futuras.

Tínhamos até uma mesa agroprodutiva para definir como nosso investimento social poderia potencializar alguns empreendimentos agrícolas ou pecuários.

BNamericas: Vocês administraram uma estratégia de anéis concêntricos. Em que consistia essa estratégia?

Herrera: A Lundin priorizou compras e contratações locais. Então, a prioridade foi delimitada em termos de proximidade com a nossa área de influência indireta, porque não há ninguém na área de influência direta da Fruta del Norte.

Os anéis estão alinhados com a divisão político-administrativa do país: paróquia, cantão, província, restante do país. E, quanto mais próximas as pessoas e as empresas estão da Fruta del Norte, mais prioridade elas têm.

Após um longo processo, foram definidos os anéis: o 1 corresponde à paróquia Los Encuentros e a duas outras comunidades localizadas no que era a antiga estrada para Fruta del Norte, que faz parte da nossa área de influência mais próxima; o anel 2 é o restante do cantão Yantzaza; o 3 corresponde ao restante da província; e o 4, ao restante do país.

Esses anéis são levados em conta para contratações e compras locais e investimentos sociais. A prioridade é o anel 1. Devido à dinâmica de Zamora Chinchipe, as nacionalidades indígenas Shuar e Saraguro são consideradas o anel 1, independentemente de onde estiverem localizadas.

Estamos satisfeitos em ver que muitas empresas de mineração estão adotando essa abordagem e já estão adotando a estratégia de anéis para suas áreas de influência mais próximas.

BNamericas: Qual foio o impacto econômico da Fruta del Norte?

Herrera: Ele pode ser medido de diferentes maneiras, pois um projeto de mineração tem um potencial muito grande para gerar impactos econômicos e sociais, tanto a nível local como nacional.

A fase de construção, que durou de 2017 a 2019, teve um impacto muito importante no cantão Yantzaza, na província de Zamora e também em nível nacional.

Em nível local, é complexo desenvolver fornecedores porque, geralmente, nas zonas rurais, não há capacidade para cumprir os padrões de mineração no início.

A Lundin Gold, juntamente com a Fundação Lundin [organização sem fins lucrativos canadense], fizeram um trabalho importante para o desenvolvimento de fornecedores locais, mas também o fizeram em nível nacional.

Geramos histórias de sucesso. Por exemplo, foram estabelecidos consórcios entre a empresa equatoriana Semaica e a chilena Mas Errázuriz para atividades importantes da construção dos túneis em Fruta del Norte.

Depois de gerar estas capacidades em empresas nacionais importantes, agora existem muitas que conseguirão fazer isso sozinhas em projetos futuros. Na época da construção, esse não era o caso, mas trabalhamos para gerar ou promover essas capacidades.

Em 2021, a Lundin Gold gerou US$ 145 milhões em benefícios diretos e indiretos para o Estado; pagou US$ 29 milhões em imposto de renda, US$ 36 milhões em royalties, US$ 22 milhões em IVA, entre outros itens, que demonstram a importância da atividade de mineração.

Tenha acesso à plataforma de inteligência de negócios mais confiável da América Latina com ferramentas pensadas para fornecedores, contratistas, operadores, e para os setores governo, jurídico e financeiro.

Assine a plataforma de inteligência de negócios mais confiável da América Latina.

Outros projetos em: Mineração e Metais

Tenha informações cruciais sobre milhares de Mineração e Metais projetos na América Latina: em que etapas estão, capex, empresas relacionadas, contatos e mais.

  • Projeto: Renata
  • Estágio atual: Borrado
  • Atualizado: 2 semanas atrás
  • Projeto: Eastern Borosi
  • Estágio atual: Borrado
  • Atualizado: 2 semanas atrás
  • Projeto: Solonópole
  • Estágio atual: Borrado
  • Atualizado: 2 semanas atrás

Outras companhias em: Mineração e Metais (Equador)

Tenha informações cruciais sobre milhares de Mineração e Metais companhias na América Latina: seus projetos, contatos, acionistas, notícias relacionadas e muito mais.

  • Companhia: Grupo Noroccidental
  • A descrição contida neste perfil foi retirada diretamente de uma fonte oficial e não foi editada ou modificada pelos pesquisadores do BNamericas, mas pode ter sido traduzida aut...
  • Companhia: Empresa Nacional Minera (Ecuador)  (Enami EP)
  • A mineradora estatal equatoriana Enami EP tem o mandato de garantir a exploração sustentável dos minerais e outros recursos naturais não renováveis do país, protegendo o meio am...