Crise política no Equador afetará mineração por meses

Os projetos de mineração serão muito afetados pela crise política que o Equador vive, independentemente de seu resultado.

“Os setores estratégicos e, entre eles, o de mineração são os mais atingidos pela crise política. As empresas estão fazendo apenas os investimentos mínimos necessários e há um sentimento geral de que as coisas não vão andar tão rápido quanto o esperado”, disse à BNamericas o advogado Andrés Ycaza, da câmara de mineração do Equador.

O presidente Guillermo Lasso foi à Assembleia Nacional na terça-feira (16) para se defender do processo de impeachment. O presidente deve enfrentar as acusações de peculato por omissão, as quais os parlamentares da oposição lhe imputam por ter permitido que continuasse em vigor um contrato assinado durante o governo do presidente Lenín Moreno entre a estatal de navegação Flopec e a Amazonas Tankers.

A votação em que será definido se ele é destituído ou não ocorrerá entre sexta e sábado (20). Analistas locais acreditam que os oponentes de Lasso têm pelo menos 92 votos de 137 parlamentares para sua remoção. Nesse cenário, ele será substituído pelo vice-presidente Alfredo Borrero, que deve terminar o mandato presidencial em 2025.

No entanto, Lasso poderia recorrer a seus poderes constitucionais e dissolver a assembleia, governar por decreto durante a realização de novas eleições presidenciais e legislativas, ou evitar o impeachment e permanecer no cargo.

Ycaza afirma que em nenhum cenário reduziria a insegurança ou ajudaria a estabelecer as regulamentações necessárias, incluindo consultas ambientais e royalties de mineração.

“A crise política cria incerteza sobre quando e como esses regulamentos serão emitidos. A situação no momento é complexa”, alertou.

Projetos como o polimetálico La Plata, da Atico Mining; o ativo de cobre e ouro Curipamba, de propriedade da Adventus Mining e da Salazar Resources; e o de ouro, cobre e prata Loma Larga, da canadense Dundee Precious Metals, aguardam regulamentação que lhes permita avançar para a construção das minas.

No caso de Loma Larga, por decisão do juiz, deve ser realizada primeiro uma consulta prévia e para La Plata e Curipamba são necessárias consultas ambientais.

Ycaza acredita que devido à agitação social, que surgirá em qualquer uma das formas de resolução da crise, será muito difícil que a regulamentação avance, pelo menos até o terceiro trimestre.

Um empresário do setor que pediu anonimato disse ao BNamericas que “existem alguns investidores interessados em conceder financiamento por meio da pré-venda de ouro, mas as decisões vão desacelerar”.

A mina de cobre Mirador, da EcuaCorriente, e o ativo de ouro Fruta del Norte, da Lundin Gold, são as únicas grandes operações de mineração equatorianas, mas investimentos de cerca de US$ 11 bilhões podem transformar vários projetos em minas ativas nos próximos anos.